sexta-feira, 6 de novembro de 2015

PERDI MEU PEN DRIVE

Eu tenho (ou tinha) um pen drive azul, não é lá essa quintessência da tecnologia.  Com "apenas" 2 GB de capacidade de armazenamento, ele me serve muito bem para objetivos práticos: guardar momentaneamente alguns arquivos, enquanto os transporto daqui para ali.
Não tem muita coisa guardada nele: alguns documentos escaneados, algumas fotos e figuras que por qualquer razão ainda não apaguei, outros arquivos de texto, algumas poucas pastas de música e outras com filminhos que os amigos me mandam nas redes sociais e algum dia eu planejava organizar.  Nada de verdadeiramente indispensável.
Mas não o acho já faz algum tempo.  Sinto falta de sua função prática, bem mais que seu conteúdo em si.  Pus-me a procurá-lo (a frase ficou chique assim, com dois pronomes em ênclise!).  Mas nada...  não sei onde está...
E enquanto procuro, minhas idéias vão viajando, o impulso é quase irresistível (talvez seja por isso que ainda não encontrei – quem sabe?).  Uma ideia amarra na outra, e assim vai.  E nada de achar o dispositivo.
O primeiro pensamento é como a tecnologia se torna tão rapidamente obsoleta – obvio!  Não me acho assim tão velho, mas me lembro dos velhos disquetes e de como eles não têm mais lugar para serem sequer lidos no computador de mesa que eu trabalho agora; quanto mais no tablet que me acompanha e em outros gadgets que se tornaram extensões quase inseparáveis de nossa existência hoje.
Acontece que até pouco tempo ainda guardava uma caixa cheia dos tais disquetes.  Até que me dei conta que o tempo simplesmente o ultrapassou tudo o que eu havia guardado ali, como uma onda – decidi jogar tudo fora e não sinto falta. 
E não me venha com o argumento de que se estivesse em papel não se perderia tão facilmente.  Além de ser simplório, não se atém ao ponto principal: transitório => obsoleto / perene => essencial – quais as variáveis desta equação?
Mas a vida continuou.  E as idéias também.
Tem ainda a questão entre o valor das coisas e dos meios (pen drive é mídia) em detrimento das pessoas – o já percorrido caminho entre ter, usar e ser.
E as idéias prosseguem pipocando...
Daí uma avaliação do tempo gasto é inevitável: vale o tempo gasto na procura?  O que invariavelmente leva a: e o tempo com os filminhos e músicas? 
É verdadeiro que já não colecionamos nem juntamos suvenir, chaveiros, folhinhas, canetas e outras cositas (vá lá, tem gente que ainda guarda!!!) – hoje juntamos arquivos .doc .mid .jpg .mpeg .mp3 .mp4 .gif .mov .zip .wma .exe e por aí vai.  A maioria deles só acumulamos – ficam lá no pen drive, na memória do celular, ou em uma pasta esquecida qualquer para, quem sabe, um dia se mexer neles, nem que seja só para apagar e aliviar a memória da máquina (e talvez a nossa própria).  E depois baixar mais...
Então calmamente vou misturando tudo no caldeirão das idéias e lembro dos disquetes que se foram, assim como o pen drive sumido – e que depois deles virão outros, e outros, e outros, e outros.  Mas as idéias ainda estão na minha cabeça, e depois delas virão outras, e outras, e outras, e outras.  Só que elas germinarão, darão à luz mundos novos, coisas novas, surpresas novas, idéias mais novas.  E isso me moldará mais humano, mais à imagem do Criador.

Ah! Ainda não achei o tal pen drive.  Vou dar mais uma olhada, quem sabe!?

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