terça-feira, 13 de janeiro de 2015

HÁ 50 ANOS PASTOREANDO ARACAJU

Na quarta-feira, 13 de janeiro de 1965, tomava posse na Primeira Igreja Batista de Aracaju o Pastor Jabes Nogueira.  Era apenas um recém-formado no Seminário, casado e com uma filha de dois meses, com pouca – ou quase nenhuma – experiência efetiva de pastoreio, vindo lá do interior do Piauí.
Pelo que nos contam os que testemunharam aquele momento, considerando a história eclesiástica e as demandas que se apresentavam, aquele jovem – tinha menos de 30 anos – não parecia apresentar as credenciais necessárias para a tarefa.
Mas Deus não pensava assim.  Sem dúvida, ele foi trazido pelo Senhor da igreja para assumir a liderança do rebanho.  E por isso foi ficando.  Agora, passados cinqüenta anos, os resultados e bênçãos podem dar testemunho. 
Ele pastoreou, pregou, visitou, evangelizou e acompanhou; celebrou casamentos e batismos; apresentou crianças e as viu crescer.  Depois celebrou o casamento das gerações seguintes e o ciclo continuou.  E de uma centenas de almas há cinqüenta anos, vemos hoje mais de milhares espalhadas por aí.
Mas, deixe-me voltar um pouco.  Eu nasci pouco depois.  Sou filho deste homem.  Não foi sorte.  Foi providência e bênção que o Senhor reservou para mim.  E ao longo dos anos poucas vezes o vi apresentando um tratado teórico sobre o pastoreio ou argumentando explicações.  Mas foi isso que ele fez: pastoreou na prática.
Hoje sou pastor e quando celebramos os cinqüenta anos de sua chegada a Aracaju quero aproveitar para apontar algumas marcas que ele deixou impregnada em seu ministério e que me servem como paradigma.  Sei que teria mais a dizer, mas vou fazer apenas alguns destaques.
Primeira – Bíblia.  Meu pai sempre amou, leu, estudou, ocupou-se, tomou como padrão e buscou compreender e viver este livro.  Por seus registros, foram setenta e tantas vezes as leituras completas enquanto a vista lhe permitiu.  E ainda hoje, com a ajuda dos novos recursos eletrônicos, ele a ouve sistematicamente.  O Salmo primeiro se aplica a ele.
Segunda – púlpito.  Nos tempos de maior pujança, ele chegava a pregar mais de dez ou quinze sermões por semana (muitos deles ainda tem o esboço arquivado – obra de minha mãe).  O púlpito para meu pai era sagrado: nunca cedeu à tentação de transformá-lo em palanque ou a reduzi-lo a questiúnculas pessoais.  Ali Deus falaria, e ele era apenas o canal.  Sem dúvida ele levou a sério o conselho paulino de 2Tm 4:2.
Terceira – atenção.  A capacidade que meu pai sempre teve de lembrar dos nomes, histórias, situações e até graus de parentesco de todas e cada uma de seus ovelhas não só era notório como invejável.  Ele sempre amou e acompanhou de perto seu rebanho, pastoreando de verdade.  E se quiser um exemplo prático do conselho de Pv 27:23, veja o ministério deste homem.
Quarta – postura.  Aqui é difícil definir.  Talvez caráter ou dignidade.  Ele se deu ao respeito e honrou o cargo e função a que foi alçado pelo próprio Cristo.  Não se tratava de arrogância ou petulância.  Foi a santa altivez daqueles que se sabem ocupados em grande obra.  Eu vi encarnadas em meu pai as palavras de 1Tm 4:12.
E por aí vai...
Sei que ainda tenho que ralar muito o joelho no chão se quiser pelo menos seguir seus passos.  Mas agora, é imperioso pelo menos louvar ao Grande Deus pelos cinqüenta anos que meu pai pastoreou a nossa igreja.  Aleluia!

Quanto a foto lá em cima, ela não é da posse.  Se não me engano foi tirada lá nos primeiros anos da década de 1970 – mas a escolhi para ilustrar este texto porque as primeiras lembranças que tenho de meu pai no púlpito remetem àquele móvel e a pose reflete bem seu estilo.  Quanto ao título, omiti deliberadamente o nome da Igreja para dar ênfase à cidade: mais que apenas uma igreja local, meu pai pastoreou Aracaju e tenho como referências as palavras ditas a Ezequiel: "ouçam ou não, Aracaju saberá que um profeta esteve aqui" (Ez 2:5).

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