sexta-feira, 13 de outubro de 2017

FICAI EM JERUSALÉM

A instrução que lemos em At 1:4 é para os discípulos ficarem em Jerusalém aguardando o cumprimento da promessa.  Por esta indicação podemos notar que esta cidade foi o ponto de partida do movimento cristão após a morte e ressurreição de Jesus.  Ali os seguidores do Mestre ficaram e a partir daquele ambiente urbano o movimento começou a se expandir.
Para entender melhor o contexto onde os fatos aconteceram, vejamos um pouco a descrição da cidade de Jerusalém no primeiro século cristão.  Jerusalém, a fortaleza dos Jebuseus, foi conquistada por Davi no século X a.C. que a transformou em sua capital (confira em 2Sm 4:6-15).  A partir dai, a cidade passou a ser tanto o principal centro político como cultural e religioso da nação – e o foi por muitos anos, inclusive na época do NT.
No século I, a cidade possuía cerca de 50 mil habitantes fixos (podendo quadruplicar nas festas regulares) e, economicamente, sua população podia ser dividida em dois grupos: uma minoria que vivia do serviço estatal e religioso: governantes, funcionários e legiões estrangeiras ali estabelecidos e o clero em geral; e a maioria empobrecida.
Enquanto os primeiros viviam regaladamente em casas com relativo conforto, o povo humilde se amontoava em casas em geral de madeira, barro ou palha sem nenhuma infra-estrutura sanitária.
A base da alimentação era o pão, feito a partir da farinha de trigo ou cevada, mas podia conter, entre outras, misturas de azeite, hortelã, cominho, lentilha, pepino, cebola, mel e canela; além de leite, queijo e carne principalmente de cabra e ovelha; frutas e vinho.
O mercado público ficava fora das muralhas e o comércio era baseado em trocas de mercadorias com a população local ou negócios a dinheiro com os estrangeiros.  As principais ocupações masculinas urbanas eram comerciais e fabris (artesãos) e à mulher cabia apenas a administração doméstica e a criação de filhos – era indispensável ser mãe.
Politicamente, Jerusalém vivia sob o domínio romano que a administrava através de um procurador – Pôncio Pilatos exerceu esta função entre os anos 26 e 36 d.C.  – e de reis vassalos – a dinastia de Herodes – que exercia seu poder através da força e da truculência do exército romano sempre presente nas ruas da cidade.
Quanto à vida religiosa na cidade de Jerusalém, esta era naturalmente dominada pela existência e centralidade do Templo (reconstruído por Neemias e reformado por Herodes) que, mesmo não tendo o brilho do original de Salomão ainda exercia seu papel de referência do culto judeu.  Podemos afirmar que tudo em Jerusalém, de certa forma, tinha a ver com o Templo, sua administração, seu funcionamento e preservação.
Além do Templo e seu serviço, alguns grupos religiosos dominavam a cena na cidade: os saduceus ligados diretamente aos sacerdotes; os fariseus que pregavam uma reforma socialmente progressista, mas espiritualmente legalista; os essênios de orientação mística e práticas monásticas; além de grupos pequenos como os zelotes, os nazireus, os sicários entre outros.  É bom citar que tais grupos competiam entre si pelo controle e primazia da tradição da fé judaica e aceitação popular.
Foi num ambiente assim que Cristo foi crucificado, a igreja foi formada e iniciou seu ministério.


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