terça-feira, 13 de março de 2012

Salmos 42-43 – uma leitura


No livro dos Salmos, o leitor cristão encontra descritos todos os sentimentos humanos; tantos aqueles considerados bons, como os reprováveis.  Toda a extensão daquilo que um ser humano é capaz de sentir está descrito nos salmos que, por sua vez, podem lhe servir de expressão.
Neste sentido, os sentimentos de dor, perda, frustração, revolta e desilusão também são encontrados entre seus poemas sagrados.  Isto não significa, contudo, que a Bíblia incentiva um sentimento ou espírito destrutivo como algo recomendável ao cristão, pelo contrário: ao citar tais sentimentos, os salmos nos ensinam como lidar com eles e superá-los de modo a viver uma vida digna e espiritualmente saudável.
Em salmos como os 13, 69, 86 e 102 o salmista questiona o Senhor sobre a razão de ser do seu sofrimento, apresenta a sua súplica e espera que Deus venha ao seu encontro para livrá-lo da aflição.
Compostos como uma única unidade literária, os salmos 42-43 são certamente os que melhor tratam do tema.  Os salmos começam apresentando a dor e angústia do salmista e como ele anseia pelo refrigério divino:
A minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo.
Quando poderei entrar
para apresentar-me a Deus?
(Sl 42:2)
Mesmo sendo um levita ungido por Deus para o serviço sagrado, mas a alma ainda estava aflita e as noites de choro pareciam-lhe intermináveis (Sl 42:3).  Assim deveria estar a alma de Davi chorando pela criança doente (2Sm 12:16) como se um abismo arrastasse outro em sucessão de desgraças (Sl 42:7).  A alma lá no seu interior estava profundamente triste e perturbada (Sl 42:5) e até parecia que Deus tinha se esquecido dele (Sl 42:9).
A alma triste, porém não fica realmente abandonada quando a oração lhe serve de alento (Sl 42:8); por isso o salmista pode exclamar com fé e convicção mais de uma vez, ainda que naquela situação: ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei! (Sl 42:5; 11; 43:5).
O salmo então conclui com uma palavra de louvor ao Senhor que dá resposta as orações de seu servo, livra dos seus infortúnios e cura todas as doenças da alma:
Então irei ao altar de Deus,
a Deus, a fonte da minha
plena alegria.
Com harpa te louvarei
ó Deus, meu Deus!
(Sl 43:4)

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