sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

NÃO POR ENQUANTO!


Coloquei este título mas ainda não tenho certeza onde deve estar a vírgula.  Sei que se ela ficar logo depois do advérbio, influencia na semântica: Não, por enquanto! Então isso vou deixar por sua conta.  Vamos ao que eu tenho a dizer.
Disseram que o mundo ia acabar no último dia 21.  Não que eu leve isso muito a sério.  Já sobrevivi ao bug do milênio e a outras besteiras similares para me preocupar com apocalipse Maia.  Em geral é assim: muita farofa na mídia antes, gente falando sério, outros se aproveitando e alguns levando na brincadeira.  Esse tipo de coisa sempre expõe um pouco da alma humana – então isso me interessa.
Pelo jeito o mundo não acabou.  Pelo menos não por enquanto (já decidiu onde colocar a vírgula?)
Bem, quanto a isso ainda não estou muito certo.  Está bem que não foi da maneira como os profetas disseram, mas se olhar direito, o mundo acabou sim.  Acabou no leito vazio à espera do amado que dormiu em braços alheios.  Ou nas lágrimas velando o caixão antecipado pela tragédia do trânsito.  Também acabou olhando o filho outrora formoso mas que se vê escravo do vício.  E por aí vai...  É, o mundo acabou – e tem acabado – não somente no dia 21, mas nas infindáveis noites olhando para o telefone que não toca trazendo alívio para a ansiedade da espera, nas filas sem tamanho no posto de saúde enquanto se busca sanativo, ou acabou diante de mais um não à proposta de emprego...
O mundo acabou? Mas veja que não por enquanto! (sim, e a vírgula?)
A despeito das tragédias – anunciadas ou não –, a despeito das estatísticas, a despeito do eco-terrorismo, a despeito da economia, da política e da religião: o sol vai se levantar amanhã.  E aqui considero mais que algum impulso da alma humana.  A minha convicção vem da certeza de que posso andar vale da sombra da morte e, ainda ali, eu não temerei mal algum porque ele está comigo (reconheceu as palavras do Sl 23?).
Mas não posso terminar o que tenho a dizer sem lhe fazer uma proposta, agora que já passou o calendário Maia e 2013 se avizinha: quando seu mundo acabar – seja qual for a ruína – tenha a coragem de dizer: não por enquanto, por que eu sei que meu Redentor vive e por fim se levantará (uso Jó 19:25).
Ah! E tem outro texto que eu gosto muito e penso que se encaixa aqui: João acaba seu Apocalipse sem nenhuma dúvida: Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia.  (confira Ap 21:1). 
O mundo acabou...  Não por enquanto! (com ou sem vírgula).

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A NOITE SANTA


Este final de ano o Coral Idade Feliz de nossa igreja apresentou um musical intitulado "A Noite Santa".  Depois de alguns meses de ensaio e preparação (em vários sentidos), e aproveitando o ensejo natalino, cantamos e anunciamos a mensagem verdadeira do nascimento de Jesus na noite de Belém.
O musical em si reuniu canções tradicionais como Adeste Fidelis e Noite de Paz com outras mais recentes como O Verbo Virou Gente (do pessoal da IB do Morumbi), sem deixar de citar os eventos da cruz e da ressurreição, tendo como mote a declaração:
Oh noite santa, de estrelas fulgurantes, oh linda noite em que Cristo nasceu!
Não foi um espetáculo de natal – até porque em nenhum momento este foi o objetivo – foi mais que isso.  O que fizemos em primeiro lugar louvar a Deus e também demonstrar um pouco para a Igreja o resultado de um ano de trabalho com o grupo de terceira idade que ensaiou, refletiu sobre a criança da manjedoura, e de alguma maneira buscou vivenciar aqueles momentos em nossas vidas. 
E com o valioso e abençoado acréscimo de alguns queridos que, com sua arte, tocaram seus instrumentos para a glória Deus se somando ao coral, ficou tudo muito lindo.
Uma coisa, contudo, ficou muito claro para nós.  O que realmente afagou a nossa alma nisto tudo não foi tocar ou cantar arranjos tradicionais de natal ou aproveitar o clima das festividades; foi saber que estávamos narrando a nossa própria história.  Fomos convidados a adorar contemplando a criança que repousou tranquila nos braços da mãe carinhosa; e que isso foi o cumprimento de profecias antigas e a manifestação de um amor profundo.
Os anjos cantaram glória a Deus nas alturas e juntos declaramos com Maria que nossa alma engrandece ao Santo de Israel por ter feito nossa vide florescer.
Assim é a mensagem da noite santa, assim cantamos e celebramos, assim terminamos com um convite: Vem, Jesus, Habitar Comigo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

DO QUARTO FECHADO


Instruindo seus discípulos sobre as disciplinas da vida cristã, Jesus apresentou o tema da oração (Mt 6:5-8).  Para o Mestre, muito mais que o cumprimento de rituais religiosos, públicos ou particulares, a oração é um diferencial indispensável para o discipulado.  E Jesus começa retomando a mesma ênfase da ação cristã: não é para ser usada como vitrine da fé! O que se faz para ser visto pelos homens não é feito para agradar a Deus – logo realmente não o agradará.
Sigo com as instruções claras de Cristo: primeiro, a oração do discípulo é reflexo da intimidade filial com Deus: “vá para o seu quarto...” (Mt 6:6).  É claro que Jesus não nega a realidade do culto e da oração comunitária, mas quer dar ênfase à oração particular, íntima, que deve ser a base da vida cristã.  Quem quer se encontrar com Deus, deve deixar o mundo – nem que seja por alguns momentos – e buscar se derramar lá onde ninguém sabe que você o está buscando.  Lá nesta intimidade do quarto fechado não há liturgias pré-fixadas ou tradições a serem observadas; é onde o vento do Espírito sopra como quer, sem impedimento algum, e a alma faminta é saciada com toda sorte de bênçãos espirituais.
Em segundo lugar Jesus recrimina a repetição vã das palavras de oração.  Também aqui ele não nega a insistência em suplicar diante de Deus, pelo contrário, Jesus sempre incentivou o clamor.  O que o Mestre afirma é que a verdadeira oração do discípulo é espontânea e sincera. 
Jesus ainda diz: seu pai o recompensará (é o final do mesmo verso 6:6).  Esta é a promessa para o discípulo que desfruta da realidade da oração no quarto fechado.  O Pai que vê em secreto atende, restaura a vida e cumpre todas as suas promessas.  Vivamos uma vida de oração desta natureza, para a glória do Senhor.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

EITA DEUS BOM!!!


Saí quase atrasado de casa e precisava me apressar para não chegar atrasado à repartição.  Ainda por atravessar a avenida, mas com o ponto do ônibus já ao alcance da vista, vejo que bem na hora lá vem a condução.  Com algum esforço e cuidado, eu me apresso para alcançá-la e deixo apenas os lábios sussurrarem (andando sozinho, o som era desnecessário):
Eita Deus bom!!!  Lá vem o ônibus!!!
Mas não me serviria... era um ônibus...  mas a linha era outra...
Então, antes que o Encardido fizesse pousar qualquer outra ideia em minha cabeça, eu me apressei em afirmar, agora em voz alta, com convicção e diante de um ponto de ônibus já repleto de expectadores:
— O que não muda nada!!!  Deus continua bom!!!
E continuei lembrando dos Salmos...  Por que, se tem uma afirmação recorrente no Livro dos Saltérios é que Deus é bom
Às vezes sou muito tentado a olhar a existência com os olhos de Tomé: de forma pragmática só é possível enxergar a bondade quando ela obviamente me ocorre.  Mas crer em tal bondade como um princípio básico e norteador da vida na certeza de que, mesmo quando não a percebo, ela está ali e é mais real que o cotidiano, é acrescentar significado à poesia magnífica do Salmo cem:
Pois o Senhor é bom e o seu amor leal é eterno; a sua fidelidade permanece por todas as gerações (Sl 100:6).
Em meio ao monótono concreto, ao negro asfalto, à agenda entulhada, ao relógio de ponto, ao ônibus lotado, ao vazio da multidão, à ilusão da mídia, à liturgia insípida... Deus é bom e ponto!  Nada me tira esta certeza!
E quanto ao transporte... eu não tinha visto ainda que vinha outro logo atrás, então consegui chegar à tempo.  Eita Deus bom!!!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

DAS OBRAS CRISTÃS




Jesus apresentou no Sermão da Montanha o seu projeto de Discipulado Radical.  Na primeira parte (Mt 5) estão descritas as características dos bem-aventurados discípulos e qual a interpretação que o próprio Mestre dá à Lei e ao Mandamento antigo.  Chegando ao capítulo 6, Mateus apresenta as novas considerações das atitudes religiosas requeridas do discipulado – são as disciplinas espirituais necessárias para a vida cristã segundo o modelo de Jesus Cristo: boas obras, orações e jejuns estão neste plano.
Deixe-me seguir o plano do evangelista e começar com a prática das boas obras.  Considerando as palavras de Tiago (2:14-26), posso definir obras como sendo a face visível e concreta de tudo aquilo que reconheço como fé em Deus.  Ou seja, a fé que Deus faz acontecer em meu interior produz ações e reações exteriores em todos os aspectos de minha vida: isto são obras cristãs.
O Mestre chama atenção para dois aspectos destas obras cristãs: em primeiro lugar questiona: De quem espero receber o galardão pelas minhas obras?  Se espero respostas humanas (dos outros e minha própria) pelas minhas obras, elas não podem ser consideradas cristãs – não são frutos do discipulado radical!
Depois Jesus fala da naturalidade que deve revestir as obras cristãs.  Não deve haver premeditação ou excepcionalidade nas obras cristãs.  As obras cristãs têm de ser de tal forma natural em minha vida que eu faça o que tenho de fazer como cristão e discípulo radical sem que isto seja um peso.
Voltando a Tiago, ele fala que a fé sem obras é morta (Tg 2:17).  Sendo um discípulo radical, minha vida cristã tem que ser encarada naturalmente, para ser vista pelo Mestre e somente dele esperar respostas e recompensas, pois a glória pertence a Cristo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

DO AMOR INCONDICIONAL




Chegamos aqui à última interpretação que Jesus faz da Lei dada aos antigos.  E o Mestre vai abordar o tema que será o principal na sua pregação: o amor (Mt 5:43-48).  Aos antigos foi ordenados amar o próximo, mas também foi autorizado aborrecer os inimigos.  Jesus agora amplia o alcance da Lei exigindo do discípulo que ame até os inimigos: amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem (Mt 5:44).
Sobre este tema Jesus apresenta quatro pontos (a lista está nos versos 45 a 47): I – para que me torne filho de Deus é preciso desenvolver um amor incondicional a todos os seres humanos. II – Deus, o Pai, dá sol e chuva sobre maus e bons: ele não faz acepção de pessoas. III – amar somente os amigos não apresenta discipulado alguns, até os pecadores fazem isto.  IV – a ordem do discipulado requer que o seguidor de Cristo seja perfeito na mesma medida do Pai celestial.
Assim todos estes pontos têm que se tornar parte do discipulado radical.  Amar é obrigação e necessidade imprescindível do discípulo: como Deus é perfeito, ele exige perfeição dos seus seguidores, e isto tem que ser demonstrado na vivência diária, principalmente no trato com aqueles que se interpõem em meu caminho como meu inimigo.  Não tenho o direito de escolher quem vou amar: amigos ou inimigos, bons ou maus, todos têm que ser alvo do amor cristão verdadeiro.
Como discípulo que já vivem sob a nova Lei em Cristo Jesus, garantida pelo sangue da Nova Aliança derramado na cruz, que eu viva este amor incondicional.  Para que faça parte da família de Deus e para a glória eterna do Pai.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

É PROIBIDO PENSAR


Ouvi a música É Proibido Pensar pela primeira vez já faz alguns anos em um clip na Internet.  O compositor: João Alexandre, nunca tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente.  Na semana passada, fuçando numa livraria evangélica aqui em Aracaju, achei o CD e entendi que deveria ter uma cópia em casa – além do que, tendo a pretensão de sempre escrever bons textos é preciso ler e ouvir coisa de qualidade.
A gravação (segundo a ficha técnica, feita entre julho e setembro de 2007), com doze faixas – todas interpretadas em voz e violão –, traz músicas e letras do próprio João Alexandre junto a outras peças, e são exatamente as composições que nos chamam a atenção.
O CD abre a primeira faixa com a canção intitulada Na Tua Presença, seguida do Credo Apostólico – uma verdadeira coragem adaptar a declaração de fé dos pais.  Ao contrário do que possa parecer, não ficou pedante nem soou anacrônico.  É bom saber que ainda cremos naquilo que nossos antepassados nos legaram.
Seguem-se Te Vejo Poeta que apresenta a cruz vulgar como a obra máxima da poesia divina e Anjos lembrando-nos destes seres que nos ajudam na caminhada e conosco se unem em canções de louvor.
Arruma a cangalha na cacunda...  é assim que começa a faixa cinco: Feirante.  Conheci esta música ouvindo o CD e, preciso confessar, vi-me surpreendido com a descrição do cotidiano simples, direta, gostosa, sem desconsiderar a dureza da vida mas lembrando da quitanda da esperança onde se pode achar sonhos de açúcar mascavo.
Depois: Paz e Comunhão, a faixa seis.
Então temos a música tema do disco: É Proibido Pensar.  Uma excelente mistura de crítica, ironia e advertência, temperada com uma boa pitada de lucidez e comprometimento com o evangelho puro.  Aqui merecem citação as palavras do encarte: "ser cristão é simplesmente ser, sem rótulos nem modismos, sem máscaras nem títulos, muito menos negociações com o céu!"
Ouço depois a bela canção Pai Nosso, uma fantástica adaptação da oração modelo do Mestre.  Lembro-me que meu cunhado a interpretou na minha cerimônia de casamento.  Sempre é bom ouvi-la novamente, para refazê-la como uma prece.
Há ainda o hino tradicional Que Segurança de F.J. Crosby, o que só faz enriquecer o conjunto da obra, com seu refrão: "Canta minh'alma! Canta ao Senhor! Rende-lhe sempre ardente louvor!"
Três músicas completam a gravação: Trabalho Esperança (faixa 10), Vou Pescar (fixa 11) e O Que Bem Quiseres (faixa 12).
E creio que é indispensável concluir esta resenha glorificando ao Senhor da igreja por ter ele concedido o dom de poeta a alguns dos seus servos para que eles possam abastecer a dispensa santa com tais pérolas. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

DA RENÚNCIA


Mais um tema é apresentado na interpretação completa que Jesus faz da Lei do Deus no AT. Em Mt 5:38-42 o tema apresentado é a vingança.  Se aos antigos foi autorizado algum ato de retribuição, Jesus agora afirma que a verdadeira retribuição do discípulo radical é a não resistência.
Acompanhe o encadeamento da radicalidade do discipulado.  A primeira implicação do que Jesus tem a dizer é que aquele que se dispõe a seguir a Jesus tem que, deliberadamente, renunciar a qualquer direito que imagina ter.  A minha vida e os meus direitos estão mortos no discipulado porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro (Fl 1:21).
Desta renúncia me vem a realidade de que a minha vida já foi exposta e entregue na cruz de Cristo e nela está depositada toda a minha atual existência.  Sem esta entrega na cruz não há vitória para o discípulo.  Sem a autonegação da cruz não há vida. É sério o que Paulo declara aos romanos: “Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Rm 6:8). 
Uma última implicação das palavras de Jesus também pode ser lidas ainda em Paulo: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Rm 12:21).  Renunciar o direito à vingança e à retribuição do mal sofrido não é admitir a derrota do cristão diante das forças malignas deste mundo, mas é enfrentá-las com uma força ainda maior: o mal vence o bem não lhe confrontando mas lhe sobrepujando.
Que eu, tendo sido já chamado ao discipulado, me entregue completamente ao caminho da renúncia da cruz para que alcance a vitória final em Cristo Jesus, para sua glória.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O PECADO, O SANGUE E O PERDÃO


“De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão” (Hb 9:22).
Na Bíblia, os conceitos de pecado sempre estão associados ao de morte e separação.  Assim é que o pecado gera a morte (Rm 6:23) e faz separação entre Deus e os homens (Ef 2:14).  Por outro lado, o tema do sangue está também intimamente ligado à vida e à união (confira os mesmos textos).
Ora, é certo que todos os homens e mulheres estão em pecado – o que gerou para nós morte e separação, carência e necessidade de Deus e de perdão.  Como pecadores estamos na possibilidade real e constante da morte por estarmos separados de Deus – que é a fonte da vida, e separados uns dos outros.  E tem mais: como a culpa do pecado exige reparação e "sem derramamento de sangue não há perdão" (Hb 9:22) então a nossa culpa de sangue perante Deus seria impagável.  A morte e separação são inevitáveis.
Mas o texto nos fala que no sangue de Cristo nossa dívida foi total e finalmente paga diante de Deus.  Na cruz que derramou o sangue de Cristo há vida e reconciliação entre a criatura caída no pecado e o Criador em sua santidade.  Cristo nos trouxe para perto de Deus – que nos mantém em vida aqui e no além, e também nos proporcionou uma verdadeira aproximação entre nós seus filhos – agora em Cristo somos um.
Realmente, o sangue de Cristo é o motivo de nossa celebração, ele nos traz vida e proximidade.  Vamos fazer de nossos encontros na Casa de Deus verdadeiros festivais de celebração do sangue de Cristo.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

DA HONRA E DA VERDADE




Vocês também ouviram o que foi dito aos seus antepassados: não jurem falsamente... (Mt 5:33).  Jesus continua reinterpretando a Lei dada por Deus aos antigos, aplicando-a ao coração e a vida dos seus discípulos.  O tema agora é a verdade.
Nos Dez Mandamentos está preceituado: “Não dirás falso testemunho” (Êx 20:16).  O que a Lei quer preservar aqui é o valor da honra e da verdade.  Por conta da possibilidade da mentira, os antigos garantiam suas palavras chamando Deus por testemunha – o juramento (Dt 6:13).  Assim o juramento atestava os ditos em relação ao passado e garantia os votos futuros.
Agora Jesus exige dos seus discípulos uma postura de verdade radical: sim, sim; não, não (Mt 5:37).  Nada menos que toda a palavra do servo de Cristo deve ser verdadeira; desta forma, o cristão não tem necessidade de atestar as suas palavras, tomando Deus como testemunha no juramento.  A mentira (filha do diabo como é dito em Jo 8:44) já deve ter sido extirpada de minha vida pelo poder que emana da cruz de Cristo, logo posso tomar posse de toda a verdade e viver baseado nela.
A pergunta é inevitável: Mas como viver assim?  A resposta tem que também ser radical: lendo a Bíblia reconheço duas respostas. a) em relação ao passado, tenho o auxílio do Espírito Santo que faz lembrar fielmente da Palavra de Deus (Jo 14:26), logo não preciso atestar mais minhas palavras pois o Espírito em mim já o faz em todos os momentos; e b) quanto ao futuro, como ele para mim permanece incerto, a instrução é que toda garantia dos planos futuros seja colocada no Senhor (Tg 4:15).  Assim não preciso jurar, pois Deus fará o que bem quiser da minha vida.
Certo de que o próprio Deus me fará, pela sua graça e poder, viver um discipulado verdadeiro.  Que eu me dedique àquele que é a própria verdade – Jesus (Jo 14:6) para sua glória.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

MISTERIOSO CANTO ORIENTAL


Dou sagrada atenção à música litúrgica do oriente.  Mesmo fora do ambiente eclesiástico, há um toque de mistério na tradição dos cantos da igreja cristã oriental.  Pode ser em grego bizantino ou moderno, russo, armênio ou copta – a língua pouco importa, já que não domino nenhuma delas.  Mas algo me cativa no misterioso canto ortodoxo oriental.
Em tudo, aquele canto difere do que meus ouvidos foram forçados a ouvir no dia-a-dia: melodia, ritmo e harmonia não se encaixam nos padrões da cultura pop de hoje (nem gospel!).  Sinto, contudo, uma estranha familiaridade com a rica herança que cristãos do oriente legaram à fé e à cultura ocidental. 
Com tais músicas, sei que faço parte deste rio caudaloso que nasceu nas estepes da Palestina entre discípulos e apóstolos, avolumou-se com os pais da igreja e ainda banha meu cristianismo hoje.
Ouvi-los cantando é deixar-se ser inundado por uma atmosfera de piedosa tradição e mistério cristão que, sem dúvida, são tão fundamentais a minha alma quanto o ar para meus pulmões.  Sem eles, minha religiosidade maquia-se em apenas ativismo cansativo e árido e o cristianismo míngua como um fardo a ser descartado pelo ocidente pós-moderno (pós-cristão!).
Assim, o canto das igrejas do oriente me conduz de volta às fontes.
Tradição e piedade santas afloram com o canto dos irmãos ortodoxos.  Ao som de tais orações, como verdadeira adoração, ressoa o desafio da busca por uma religião que seja mais que eventos e produza uma saudade salpicada de esperança, atualizando a própria tradição e anunciando que no Cristo que encontro no culto há calma, paz e sossego para minha alma.
O misterioso canto oriental infunde e acentua a fé que me vem de tempos imemoriais, evoca o sentimento de pertença junto a irmãos e irmãs que, com suas vidas e fé, descortinaram a revelação do amor divino para seus prediletos. 
Ora, sem mistério, religião e crença – qualquer que seja ela – não passam de rituais de sombras em cavernas (o velho Platão já sugeria algo assim).  E, também por isso, os antigos cantos instigam minha mente e alma a contemplar e se abrir ao mistério revelado no encarnado.
Vivendo num ocidente cultural que já não se reconhece nos detalhes da herança cristã – então nem o valoriza – e, por isso mesmo, sente-se como uma sociedade órfã, deslocada, caolha e amorfa; parar um tempo para ser tocado pelo misterioso canto oriental é se ver como o filho pródigo chegando novamente na velha casa e inexplicável e graciosamente ser mais uma vez abraçado pelo Pai.
Enquanto pipocam dance music, rock, hip hop, funk ou outros sons eletrônicos (gospel ou não!) em nossas novas igrejas, faltam o gosto e o cheiro do antigo e profundo mistério do evangelho.  Não fique sedento na beira da fonte das águas: beba ainda do misterioso canto oriental.  Δόξα στο Θεό.

(Lá em cima, interior da Catedral de Santa Sofia na Turquia, imagem recolhida no site http://www.ecclesia.com.br)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

DO DESEJO SANTO




O segundo tema reinterpretado por Jesus é o tema do adultério (Mt 5:27-32).  Aqui vale o mesmo princípio interpretativo.  Jesus não vem abolir a Lei, mas cumpri-la e levá-la a seu real significado e extensão.
Aos antigos foi dito: “Não adulterarás” (Êx 20:14).  Neste sétimo mandamento Deus apresenta o alto valor dado à família, a pureza e a santidade.  Deus criou o homem e a mulher com suas diferenças e seus desejos.  E os fez assim para serem santos e puros na sua vida aqui nesta terra.  É isto que Deus intenta preservar neste mandamento.
Qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la... (Mt 5:28).  Jesus vai além do ato conjugal em si.  Todo o corpo, mente e intenções têm de ser consagrados ao Mestre, logo não podem se desviar, tornando-se impuros em nada, nem desviando de sua intenção original.  Os desejos do discípulo podem ser santos (leia Hb 13:4) ou podem ser impuros, obstruindo a visão do Reino de Deus.  Se o coração do discípulo se enche de desejos vãos, então não poderá desejar a pureza que vem do Mestre.
E Jesus vai mais além: se tiver que escolher entre um objeto de desejo transitório e a fonte suprema de todo bem – que se faça a escolha pelo eterno em detrimento do passageiro.  O Mestre oferece aos seus discípulos gozo perene.  Mas é preciso não trocá-lo por prazeres banais!
Ainda tratando do desejo, Jesus o canaliza para o matrimônio que só deve ser celebrado em amor.  E isto é fácil de compreender.  Para o discípulo, qualquer vinculo ou compromisso somente será celebrado se for embasado em amor (confira Cl 3:14), pois qualquer outro vínculo que haja entre cristãos, será abandono do discipulado. 
Considerando o Amor de Cristo, razão de ser do discipulado, que eu possa dedicar ao Mestre meus desejos santos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CARGA TORTA



Na tarefa de observar o mundo em minha volta e procurar refleti-lo a partir de um olhar bíblico-cristão sempre se há de encontrar pontes entre o cotidiano e a revelação (não é novidade que faço isso por vocação e com alegria, então nunca é curioso demais perceber que com um pouco de criatividade teológica tais pontes se sobressaem na névoa das ideias fluentes).
Um dia destes, voltando a Aracaju, avistei um caminhão transportando uma carga completamente torta (a foto está aí do lado para comprovar o flagrante).  Quem viaja pelas estradas de nosso Brasil sabe que é possível se ver de tudo por estes caminhos.
A viagem naturalmente continuou.  Os olhos se deixavam percorrer as paisagens e a mente (esta maravilhosa dádiva do Criador) foi-se vasculhando fragmentos de conceitos e textos por vezes colocados na estante do intelecto mas que precisam ser retocados com frequência para continuaram vivos.
E a imagem foi se compondo: aquela carga torta muito bem poderia me representar.  Viajando na estrada da vida não é raro me sentir empenado com o peso que carrego.  Mas, por que isto acontece?  Como resolver isso para continuar a caminhada?  Bem, aí depende...
Não parei para vistoriar o caminhão e a sua carga torta, mas não é difícil deduzir que pelo menos uma ou duas causas provocaram aquela situação.  E se olhar direito, também estas causas me deixam bem torto na minha jornada.
A primeira hipótese é que a carga do caminhão excedesse o total suportado pela máquina e suspensão – ou que estivesse pelo menos mal arrumada em cima da carroceria.  Todo veículo é projetado para funcionar até um limite.  Além daí a coisa entorta.  Talvez fosse o caso...
Minha vida também foi projetada para ter um limite de peso e por vezes o stress, a ansiedade, a agenda lotada, os dramas e traumas acumulados sobrecarregam minha alma e ela entorta.  Viver assim é um risco.  Então eu me lembro do Cristo que me convida a trocar minha carga torta e pesada pela sua suave e leve (a citação é de Mt 11:28-30, mas outros textos podem ser lembrados como 1Pe 5:7 e Mt 6:31).
Mas o problema do caminhão poderia não ser apenas de excesso de peso.  Não se deve descartar a possibilidade de uma falha estrutural ou mecânica.  Aí a situação ficaria mais séria.  Quando há uma quebra na suspensão, qualquer carga, até o peso na própria estrutura deixa todo o caminhão torto.  Neste caso é preciso parar para consertar...
Continuo me enxergando na situação.  Quando minhas decisões e vida forçam minha estrutura, ela se rompe (às vezes de maneira disfarçada como um pecado camuflado).  Também aqui a situação fica mais séria, pois quebrado por dentro tenho que ir a oficina para consertar o que quebrou.  E com a alma estragada vou a oficina divina na confiança de que ele mesmo haverá de fazer novas todas as coisas (promessa de Ap 21:5 – mas considere também 2Co 5:17).
Sei que não dá para prosseguir na viagem da vida com a carga torta, por isso recorro com confiança sempre àquele como comigo viaja até o dia da glória (não se esqueça de Mt 28:20) para poder continuar. 
E você, como vai levando sua carga?

terça-feira, 6 de novembro de 2012

DO VALOR DA VIDA HUMANA




Nestas reflexões sobre discipulado radical, voltemos agora para o projeto de Jesus apresentado por Mateus.  A partir do verso 5:21, Mateus apresenta a nova interpretação que Jesus faz da Lei.  Neste texto Jesus destaca cinco temas primordiais para fazer uma leitura interpretativa daquilo que a Lei do AT diz, levando-a ao seu real significado: Homicídio – adultério – juramento – vingança – amor ao próximo.  “Vocês ouviram o que foi dito...” – “... mas eu lhes digo...” é a fórmula usada pelo Mestre para mostrar tanto a sua autoridade sobre a Lei quanto a sua autoridade em interpretá-la.
Aos antigos foi dito: “Não matarás” (Êx 20:13).  Neste mandamento Deus quer demonstrar o valor absoluto da vida humana por ser a imagem de Deus.  Jesus não nega o valor dado ao ser humano: pelo contrário, reafirma que Deus dar valor máximo ao ser humano (veja Mt 6:26 – ainda vou tratar do tema nesta série de reflexões).  É por isto que o Mestre agora se põe a ampliar os ditames da Lei.
Se na Lei antiga a integridade vital e física humana é garantida, Jesus procura garantir a integridade moral, intelectual e espiritual.  Ele amplia a Lei prescrevendo que o discípulo não pode se irar contra seu irmão.  Muito mais que apenas uma ação contundente contra alguém que o leva a ferir ou morrer, Jesus Cristo classifica como pecado – estará sujeito a julgamento (Mt 5:22) – a ação intencional que vise ferir ou desonrar o próximo.
Diante desta nova interpretação, o próprio Jesus instrui aos seus discípulos a entrar em acordo com o adversário enquanto é tempo (veja o verso 5:25).  O que é dito aqui é que o discípulo deve sempre tomar a iniciativa de buscar o irmão para propor reconciliação.  Fazendo isto o discípulo estaria dando valor ao próximo como o próprio Deus o dá.
Reconhecendo a autoridade de Jesus sobre a Lei, devo procurar meus irmãos para como eles estabelecer relacionamentos cristãos saudáveis.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

DA RADICALIDADE


Antes de prosseguir na abordagem do Sermão da Montanha como projeto de discipulado radical apresentado por Jesus, deixe-me fazer uma outra leitura:
Jesus certa vez disse que quem com ele não ajunta, espalha; quem não estivesse com ele estaria contra (está em Mt 12:30).  Aqui é expressa uma demonstração da radicalidade pretendida por Jesus para os seus seguidores.
Palavras como estas me fazem compreender que seguir a Jesus exige de cada discípulo um compromisso de exclusividade.  Ele não admite que se achegue ao Reino com um espírito dividido.  Seguir a Jesus é algo que não pode ser repartido com mais ninguém, e mais que isto, não pode se ter meias intenções.  Ou se está com Cristo e se tem tudo, ou não se está com Cristo e não se tem nada.  O quase ou o mais ou menos não existe na relação de compromisso com Jesus. 
Aproveito para fazer uma citação do livro “O Discípulo” de Juan Carlos Ortiz, ela ilustra bem o conceito de radicalidade expressa do discipulado requerido por Jesus.
Talvez alguns preferissem que não fôssemos tão incisivos.  Eles pensam que existem três caminhos, e não dois, e vivem por esta ideia.  Para eles, haveria o caminho largo, que é para os pecadores destinados ao inferno.  O caminho estreito seria para pastores e missionários.  E este terceiro caminho – que não é nem muito largo nem muito estreito, uma estrada mediana – seria para o restante dos crentes.  Naturalmente, tal hipótese não se acha nos livros de doutrina, mas no livro das realidades, que é onde as pessoas vivem.
Este caminho mediano é uma invenção humana.  A verdade é que ou nós estamos no reino das trevas fazendo o que é de nossa vontade, ou estamos no Reino de Deus fazendo a vontade dele.  Não existe uma situação intermediária. (...).
Então como é que uma pessoa pode mudar sua cidadania do reino das trevas para o Reino de Deus?
Jesus deu a solução.  Sua morte na cruz e sua ressurreição significam isto: qualquer escravo que olhar para a cruz tem a permissão para considerar a morte dele como sua morte.  Assim o escravo morre e Satanás perde o seu controle sobre ele.
Depois vem a ressurreição.  Por ela somos transportados para o novo reino.  Este fator é tão importante quanto a cruz.  Morremos para um soberano e renascemos sob o domínio de outro.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

DA ESSÊNCIA DA LEI




Tendo apresentado os seus discípulos, que são bem-aventurados, sendo sal e luz, Jesus estabelece critérios para a Lei.  “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para abolir, mas para cumprir” (Mt 5:17).  A Lei foi dada por Deus para o benefício dos seres humanos.  Jesus bem sabe disto e cuida em afirmar que com ele a Lei não está ultrapassada, mas deve, sim, ser levada a sua essência radical.
Observe comigo o que Jesus diz sobre a Lei.  Em primeiro lugar que nada do que foi escrito haverá de passar.  Até as pequenas instruções ainda têm o seu devido valor.  Podem passar os céus e a terra, mas as Palavras do Senhor são infalíveis.  Tudo o que foi prometido ainda pode ser esperado e tudo o que foi ordenado ainda deve ser cumprido.
Sendo assim, Jesus afirma que qualquer que violar um dos mandamentos será considerado menor no Reino de Deus e o que os cumprir será maior.  A entrada no Reino de Deus se dá exclusivamente pela graça de Cristo, mas dentro dele, sou avaliado na medida em que me torno capaz de cumprir e fazer reais os ditames da Lei divina em minha vida.
Aqui o Mestre expressa toda a radicalidade do seu discipulado.  Seguir o Reino não é viver num playground de uma “graça barata” (é séria esta crítica feita pelo alemão D. Bonhoeffer).  É estar voluntariamente disposto a negar-se a si mesmo em prol da cruz (o tema é retomado em Mt 16:24).
E Jesus conclui: “... se a justiça de vocês não for muito superior...” (Mt 5:20).  O discípulo radical que cumpre a Lei de Deus tem que demonstrar na vida prática que sua conduta e justiça são muito superiores à daqueles que estão ao seu redor.  A vida do discípulo de Cristo é um exercício diário da prática do bem e da justiça divina na vida, superando em tudo a do mundo em que se vive.
Devo agradecer a Deus por ele ter me dado a Lei para meu proveito – uma Lei que não passará!  Contudo vou também suplicar que Deus me faça radical em cumprir a Lei integralmente em minha vida, fazendo-me melhor e mais justo que o mundo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ZAQUEU OUVIU JESUS


No Evangelho de Lucas eu leio: Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e lhe disse: “Zaqueu, desça depressa.  Quero ficar em sua casa hoje”.  Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria (Lc 19:5-6).
Um dos episódios mais conhecidos na vida de Jesus foi seu encontro com Zaqueu.  Os detalhes da história são bem familiares, mas aqui gostaria de ressaltar em poucas palavras apenas uma parte da fala do próprio Cristo para aquele homem: Desça depressa (no verso cinco citado).
Na história Jesus se prontificou a cear na casa de Zaqueu, com ele e a sua família, para isso requeria de Zaqueu que tivesse pressa em descer da árvore em que tinha subido para vê-lo passar.  Jesus hoje ainda se prontifica estar em minha vida e em minha casa para cear comigo e com minha família.  Mas ainda hoje também é preciso que eu desça de árvores para que possa seguir a Jesus – e isto com pressa!  A bênção de Deus é para já e preciso compreender este apelo de urgência.
Lá, Zaqueu compreendeu que não poderia deixar passar a oportunidade de cear com Jesus.  Soube ter o necessário senso de urgência da convocação do Mestre e desceu bem depressa para seguir Jesus.  E o texto conclui dizendo que houve salvação naquela casa (confira no verso nove do mesmo capítulo do Evangelho).
Hoje, também saberei compreender a urgência exigida por Jesus e ter pressa em segui-lo?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

DA LUZ DO MUNDO




Vocês são o sal da terra...” Vimos que os discípulos de Jesus são em sua essência o sal que conserva e dá sabor a esta terra.  Agora desponta a oportunidade de observar outra característica essencial do discípulo de Cristo: “Vocês são a luz...” (Mt 5:14).  Jesus, que se apresenta como a Luz (confirme lemos em Jo 8:12 e 9:5), afirma que seus seguidores são como ele: a luz do mundo!
Quanto à luz, pelo menos três verdades posso extrair deste conceito. Primeiro: a luz não pode ser escondida.  “Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mt 5:14).  O discípulo, sendo luz, é sempre visto em tudo o que faz, não pode esconder sua essência brilhante.  É impossível viver neste mundo sem ser notado.
Segundo: a luz não brilha para si mesma.  “E também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha, coloca-a num lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa” (Mt 5:15).  O discípulo de Cristo não brilha para ser visto, mas para que a luz possa alcançar todos os cantos deste mundo e a verdade do Reino de Deus possa ser contemplada.
E terceiro: a luz finalmente glorifica ao Pai.  “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras, e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5:16).  A luz dos discípulos de Cristo deve brilhar de modo que este mundo possa observar as boas ações do Reino e, vendo, possam glorificar ao Pai.  Jesus diz que o seu discípulo, por que é luz, tem que fazer o Reino de Deus ser visto, a fazendo assim, possa gerar mais adoradores do Senhor.
Tendo certeza de ser convocado a um discipulado radical, que eu faça a minha luz brilhar diante deste mundo e glorifique a Deus.

(Na imagem lá em cima, aproveitando o ensejo do tema, a reprodução do cartaz da Campanha Missionária 2012 da Junta de Missões Nacionais da CBB)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

DO SAL DA TERRA



Tendo apresentado aqueles que são chamados às Bem Aventuranças do discipulado, Jesus usa de duas figuras para expressar a radicalidade do discipulado que ele requer: vocês são o sal... e vocês são a luz... (Mt 5:13 e 14).  São estas figuras que irão caracterizar seus discípulos e, a partir destes, a igreja.
O uso de figuras por Jesus é algo que sempre chama a atenção: são ricas em detalhes, belezas e principalmente significados (elas merecem um estudo à parte!).
Venha comigo ao texto. É bom notar desde já que Jesus não disse que o sal e a luz estariam com os discípulos, ou que eles deveria escolher viver desta ou daquela maneira.  Não há dúvida: vocês são.  Jesus está afirmando que ser discípulo é ser sal e ser luz; não sendo isto, não se é discípulo de Cristo.  Mas, vamos entender um pouco a ilustração.
O discípulo é sal – é a sua essência.  O sal é usado para preservar e conservar e também para dar sabor aos alimentos.  Um discípulo que é sal da terra, para que cumpra a sua essência, precisa preservar e conservar este mundo que jaz no maligno (esta expressão é de 1Jo 5:19).  O mundo está se deteriorando por causa da podridão do pecado, mas precisa ser preservado porque ele é o palco onde atua o amor e a justiça divina. 
O sal também é tempero – dá sabor!  Os alimentos precisam de sal para serem gostosos.  Assim deve ser a vivência do cristão-discípulo no mundo.  É preciso temperar, dar sabor, mesmo que seja no vale da sombra da morte (o conhecido Sl 23:4) ou num vale de ossos secos (aqui cito Ez 37), faz parte da minha natureza de ser, como discípulo, tornar a vida na terra mais agradável, mas saborosa (particularmente penso que esta é a dimensão mais forte no ensino do Mestre!).
Mas, e se o sal perder o seu sabor?  Se o cristão não for radical em seu discipulado e negar a sua essência salgada?  Então para nada vai prestar.  Para Jesus, ou se é um discípulo que como sal conserva e dá sabor, ou se é descartado e pisado.  Não há vida de discípulo insosso. 
Se a essência de discipulado é ser sal da terra, então que eu passe a vivê-la radicalmente.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A CEIA E A CRUZ


Quando a igreja celebra a Ceia do Senhor, a referência direta é sempre à cruz de Cristo e aos elementos que dela advêm.  Assim, ao celebrarmos hoje devemos trazer em memorial os eventos do Calvário e seus significados.  Vejamos pelos menos dois deles:
A cruz é lugar de humilhação.  Paulo nos fala que Cristo “esvaziou-se a si mesmo até a morte (...) e morte de cruz” (leia em Fl 2:8).  Na cruz está a mais completa humilhação e vergonha a que um ser humano podia se expor.  Jesus Cristo suportou levar às últimas consequências a sua humilhação e esvaziamento para lá do meio de todo o seu nada poder resgatar o ser humano que se aviltou pelo pecado.  A cruz demonstra a vergonha de uma vida sem Deus, sujeita a toda a sorte de abandono.  Assim, na humilhação da cruz está a nossa glorificação.
Outro elemento presente na cruz é a maldição. Em Dt 21:23 a Lei de Deus afirma que “aquele que é pendurado no madeiro é maldito de Deus”.  Isso nos faz reconhecer que ao decidir ir à cruz, Jesus se fez maldito em nosso lugar.  A cruz era lugar de maldição, símbolo da rejeição completa da parte de Deus.  É por isto que Deus abandona o crucificado.  Toda a ira e julgamento de Deus recaem sobre aquele madeiro sem mácula para que nós não precisássemos suportar todo aquele desprezo.  Então, na maldição da cruz está a nossa bênção.
É com este memorial que hoje nos colocamos diante dos elementos da Ceia do Senhor.  Hoje temos vida, santificação e bênção somente porque nos foi outorgado pela cruz de Cristo.  Louvemo-lo por isso.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

DAS BEM-AVENTURANÇAS


 “Vendo as multidões...” Assim Mateus começa a narrar as lições do Sermão da Montanha (confira Mt 5:1).  Tudo começa com um olhar de Jesus.  A palavra grega que Mateus usa nesta passagem significa mais que passar a vista em algo ou alguém.  Mateus diz que Jesus olhou as multidões e isto lhe tocou profundamente, incomodou e impulsionou a fazer algo.  É este fazer que gera o Sermão da Montanha que agora estudamos.
O Sermão abre-se com as declarações das Bem-Aventuranças.  Cada sentença em si é poética, bela e rica.  Mas deixe-me destacar aqui de modo geral duas observações.  Estas Bem-Aventuranças não estão colocadas aqui por acaso.  Mateus sabe que Jesus começa seu discurso identificando seu público alvo: os bem-aventurados, felizes; aqueles dos quais é o Reino, os que herdarão a terra, os que verão a Deus.  É para estes que Jesus irá propor todos os ensinamentos que virão a seguir, nos próximos capítulos.
Importante também é notar como Jesus os qualifica.  Para o Mestre estes que inicialmente são carentes e estão marginalizados por serem humildes, chorarem, terem fome e sede, serem perseguidos são realmente felizes por agora estarem sob o domínio do Reino de Deus – um Reino que é “escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” (vá a 1Co 1:23).  Os valores do Reino pregado por Jesus no Sermão da Montanha não são deste mundo, logo estão abertos àqueles que, com uma recusa radical, voltam-se para o vindouro.
Então Jesus conclui esta sua introdução: “Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mt 5:12).  Não poderia ser diferente!
Para ser discípulos radicais é necessário abandonar este mundo com seus valores crueis e voltar-se para o Reino do Deus.  Que o Mestre me faça assim.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O SEMEADOR


Eis que um semeador saiu a semear...”
Entre as diversas parábolas contadas pelo Mestre Jesus, uma hoje nos convém destacar: A parábola do semeador – ela pode ser conferida em Mateus 13:1-9; Marcos 4:1-9 e Lucas 8:4-8.  É bom lembrar inicialmente que esta é uma das poucas parábolas em que o próprio texto bíblico nos apresenta uma explicação.  Então vamos a ela:
Jesus nos contou de um semeador que saiu na sua labuta e jogou a sua semente para todo lado.  O semeador é um só e também a semente é única, logo, neste princípio, todos têm igual acesso ao que é distribuído.  Mas a terra onde a semente caiu é não é uniforme.  São quatro tipos de solo e, pela explicação, quatro tipo de ouvintes da Palavra de Deus:
1. Beira do caminho – são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e não lhes dão a importância devida e assim deixam passar a oportunidade de frutificar.
2. Solo rochoso – são os que, mesmo ouvindo a Palavra de Deus, não permanecem, pois lhes falta profundidade e por viverem uma vida cristã rasa, não se sustentam a ponto de frutificar.
3. Espinhal – são também os que ouvem a Palavra de Deus, mas se deixam fascinar pelos encantos e propostas do mundo, e por não darem prioridade absoluta a Cristo, são sufocados e não chegam a dar frutos.
4. Boa terra – são os que ouvem a Palavra Deus com o devido respeito e cuidado, deixam enraizar por ela, não olham para os lados e no tempo certo dão o seu fruto (Salmo 1).
Jesus nos falou que somos a terra onde a sua Palavra tem sido semeada – e esta tem sido distribuída gratuitamente a todos os que estão ao alcance do evangelho.  Ou seja, cada cristão, cada membro de Igreja, cada freqüentador de culto, cada “amigo do evangelho”, cada filho de crente é uma terra onde a Palavra de Deus pode germinar.  Que tipo de solo temos sido?

(Lá em cima: reprodução do quadro "Paisagem de Santo Amaro" da pintora brasileira Anita Malfatti)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Discipulado Radical – INTRODUÇÃO


Pela graça de Deus, estou iniciando hoje uma série de reflexões.  Já tratei do tema em nossa Igreja e pretendo, toda semana, trazer para este espaço algumas reflexões feitas em comunidade.  Tomando como tema: Discipulado Radical, estaremos estudando as lições apresentadas por Jesus no Sermão da Montanha, tentando observar com cuidado pastoral, e sem descuidar da profundidade, aquilo que o Mestre deixou como instrução a sua igreja.  O texto já deve ser bastante conhecido: está nos capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus.
Mas, por que este tema?  Vamos por partes.  Inicialmente – já a partir de Mt 4:18 – Mateus conta que Jesus convidou alguns homens para serem seus seguidores: os discípulos.  Assim, discipulado é a atividade ou prática daqueles que seguem e se espelham em um mestre.  Como herdeiros desta vocação, então o chamado ao discipulado cabe a nós também.  Sendo então necessário aprender a seguir o Mestre Jesus em tudo o que ele ensinou.  O que faremos aqui é tentar ouvir as suas palavras e aplicá-las em nossa vida diária de discípulos.
Há ainda o qualificativo: radical.  João Batista anunciou a chegada e o ministério de Jesus com as palavras: “já está posto o machado à raiz das árvores” (leia em Mt 3:10).  Da mesma maneira que João encarou a Jesus como um chamado à raiz – daí a palavra radical – da nossa existência, nós buscaremos nos aprofundar até a raiz das questões abordadas pelo Mestre e suas implicações em nossa vida.
Como coloquei acima, temos aqui apenas a introdução e o chamado para esta série de reflexões que espero possa nos ocupar pelos próximos meses e que possa nos trazer para o centro da vontade do Mestre, fazendo-nos verdadeiramente discípulos radicais.  Com certeza nosso Senhor Jesus Cristo haverá de nos guiar e nos abençoar nesta empreitada, para sua glória.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

99 ANOS


Festa curiosa, esta de 99 anos!  Ainda não é o centenário; cem anos e o mais... mas também é aniversário e merece alguma comemoração; não pode passar em branco...
Nesta quarta-feira (dia 19/09/2012) a nossa igreja, a PIBA: Primeira Igreja Batista de Aracaju faz noventa e nove anos.  As grandes celebrações, os eventos marcantes, o registro histórico, os acontecimentos efusivos estão sendo gestados e devem ocorrer no próximo ano.  Ali, sim, será a data.
Mas eu vou comemorar os noventa e nove anos.  Afinal, para usar um lugar-comum: não é todo dia que chega a esta marca!  Assim, volto a primeira frase para reiniciar o texto: Festa curiosa, esta de 99 anos!
Exatamente porque é este misto de celebração e expectativa, de festa e preparação, de alegria e trabalho é que olho para tal momento como bem representativo da igreja de Cristo em seu momento.  Vivemos as quase dez décadas, mas ainda não chegamos lá.  Com alegria passamos por esta primavera, mas ainda...
Aos 99 anos testemunhamos o que Deus fez de maneira maravilhosa na vida e na história de nossa igreja, e como ele foi favorável a tantos e quantos marcharam conosco nesta jornada (ou outros que apenas foram salpicados pela graça que por aqui jorrou).  Por outro lado, já vislumbramos de maneira bem mais palpável a realidade do centenário – agora falta só um ano – e sabemos que o Senhor da igreja ainda vai intervir com algumas de suas manifestações poderosas e gloriosas entre nós.
Assim mesmo é a vida da igreja.  Já temos motivos para glorificar a Deus pelo que ele já vem realizando na história, contudo o grande dia do Senhor ainda é aguardado – e para breve!  Então, 99 anos é uma boa ocasião para reafirmar a convicção inabalável que funda a igreja:  este momento é de festa pela companhia divina, mas ela – a festa – ainda não está consumada (como gosto da promessa de Mt 28:20).
Venha celebrar conosco os 99 anos da PIBA!

(A foto lá em cima é do templo onde a Igreja se reuniu por mais de duas décadas.  Ele foi demolido em 1984 para ser construído, no mesmo endereço, um prédio novo onde nos reunimos hoje.  Aquele templo, com certeza, traz muitas lembranças de minha infância!)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

UM SÉCULO DE MISSÕES


Estamos nos preparando para a celebração de 2013.  Serão cem anos de presença batista em nosso Estado com a abertura da Primeira Igreja Batista de Aracaju.  Um século batista; um século de trabalho e realizações; um século de lutas e vitórias; um século de missões.
Neste contexto de celebrações, nosso olhar se volta para o tempo daqueles que nos antecederam nesta caminhada na certeza de que  foi a coragem e dedicação deles que possibilitaram as conquistas que testemunhamos hoje.
Olhando este século numa perspectiva bíblica, podemos nos reportar às palavras do líder Josué, certos de que elas foram verdadeiramente assumidas por nossos lideres e povo: "não tenham medo!  Não desanimem!  Sejam fortes e corajosos!" (confira Js 10:25).  Mas para entender melhor as palavras sagradas de ânimo, vamos analisar o capítulo e fazer alguns destaques:
Cinco reis amorreus marcharam contra os filhos de Israel (v. 5).  Em nosso século de missões por várias vezes nossos inimigos se juntaram para nos atacar e tentar derrotar,
Deus interveio detendo o sol (v. 12-13).  Tendo testemunhado a intervenção divina em nosso século de missões, ficou-nos também o desafio de continuar em busca de nossos alvos.
O Senhor deu a vitória (v. 30).  Como foi no passado bíblico, em nosso século de missões, o Senhor continua dando vitória ao seu povo.
No limiar das celebrações deste século de missões, que os exemplos e conquistas da Bíblia e da história continuem sendo um impulso para nosso povo: "Avante, Batistas Sergipanos!".
(Extraído da Revista de Missões Estaduais – CBS  – Ano 2012)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

OUVIRAM O QUE FOI DITO...


Por pelo menos cinco vezes, no Sermão do Monte, Mateus observa Jesus dizer: Ouviram o que foi dito... Para depois completar: Eu, porém digo agora a vocês...  Demonstrando uma nítida linha de oposição entre ambos os dizeres.  Isso é um dado – ponto.  Mas, o que podemos aprender destas informações?
Primeiro, que Jesus não somente conhecia a Lei dada aos judeus, como também se sabia superior a ela.  Embora não invalidasse o que fora dito, Jesus certamente ultrapassou e ampliou o sentido da Lei dando-lhe o real significado. 
Ora, Jesus é a irrupção da era da graça, logo a Lei formal dada aos antigos precisava ser superada.  Já não mais deveremos viver sob o império da Lei que nos julga e condena pelos nossos pecados.  Agora estamos sendo absolvidos pela dádiva da graça que advém de Jesus e nos condiciona a um novo relacionamento com Deus.
Também, na nova dimensão apresentada por Jesus, a Lei não é mais exterior, mas sim interior.  O importante não é cumprir ritos e obrigações legais, nem diante dos seres humanos, nem diante de Deus.  O importante é a intenção de ações que move corações e vida para um encontro real e pessoal com Deus e com o próximo.  A graça brota em um coração que se aproxima intencionalmente da vontade de Deus e não da satisfação de determinados imperativos éticos.
Hoje que sabemos que em Cristo a graça superou a Lei, vivamos com intenção a nova relação que Cristo nos apresenta para com Deus.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Parábola das coisas – a feira




Em qualquer cidade ou povoado sempre haverá uma feira: um lugar, uma praça, um espaço destinado ao comércio, onde produtos são expostos e pessoas compram e vendem – ou simplesmente trocam – o que para ali se leva e traz.
Sei que não foi Deus quem criou a feira.  Isso é resultado da construção social humana. E até por isso é impossível determinar um modelo ou padrão que atenda a todas as variedades culturais com a qual a feira se travestiu ao longo da história.
Mas feira é feira e mesmo sem muita explicação, as chamadas feiras-livres que povoam nossas cidades estão aí como parte significativa de nossa convivência: geralmente na rua, explicitando alguns traços bem característicos de nossa identidade com uma generosa dose de improvisos e espontaneidades.
Ir a feira – dizem os habituès – é mais do que um costume, requer certos maneirismos e muito de intuição e jogo-de-cintura.  O ideal é sair bem cedo, caminhar, pechinchar, escolher e só trazer o que realmente valha o carrego.
Por outro lado, gosto de olhar a feira como um paraíso dos sentidos.  É ali, no meio de toda aquela agitação que me agrada deixar aflorar cada uma das janelas que meu Criador me presenteou.  Desfrute um pouco comigo.
Comece pela visão.  Uma verdadeira feira-livre, daquelas que se instalam no meio do cinza das cidades, é um extasiar de cores: tomates vermelhos, alfaces verdes, melões amarelos, ovos brancos, macaxeiras marrons, além de laranjas, beterrabas, coentros, mangabas, siriguelas e por aí vai...
Dê atenção a audição.  Numa feira, cada bom vendedor canta enquanto tenta seduzir seu freguês numa mistura de toadas que se sucedem, misturam e ecoam, fluindo pelos ouvidos.
Ah! E o olfato.  Qualquer feira que se preze tem que deixar acontecer seus aromas.  Principalmente quando seus produtos se destinam ao prato.  O peixe fresco tem seu cheiro próprio.  Mas não é só ele.  Cada fruta, verdura, legume ou o que mais ali esteja tem que me convencer pelo nariz.
Não se esqueça do tato.  Cada hortaliça tem sua textura devida, umas naturalmente mais lisas e suaves, outras mais ásperas e enrugadas.  O toque tem que passear pelas bancas enquanto se frequenta uma feira.
E, claro, finalmente o paladar.  Não há feira de verdade em que não se fique de água na boca.  O gosto do amendoim cozido ou do beiju molhado.  A fatia de queijo experimentada e testada.  A fruta discretamente beliscada.  A água de coco enquanto se retoma o fôlego para continuar a caminhada...
Olhando assim: feira é festa dos sentidos.  Não sei se você já parou para pensar nisso, mas para mim a feira é uma oportunidade sempre inusitada de glorificar ao Pai Celeste por cada um dos sentidos que estão ali exuberantemente estimulados para me lembrar o quanto Deus é criativo e caprichoso.
E eu continuo a louvá-lo assim!

 


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